
“Nós estamos sempre bastante seguros quanto à estabilidade de nossas percepções e de nossa realidade. E sem muito erro chegamos a nomear tudo o que aparece em nosso campo perceptivo. Nem de longe imaginamos que se trata de uma operação bem complexa cuja aparente espontaneidade supõe, na verdade, uma certa nodulação que depende do significante.
A experiência clínica mostra, aliás, que essa montagem pode se decompor em seus elementos constitutivos. É assim que veremos aparecer, na psicose, quadros clínicos onde o nome, a imagem e o objeto podem perfeitamente se dissociar.
Entendemos que é do lado do reconhecimento e da identificação que devemos procurar o que está em causa. Isso nos permitirá ampliar nossa reflexão, especialmente no que concerne a esse estranho objeto que Lacan chama de objeto a e em torno do qual gira o neurótico, sem jamais poder alcançá-lo, mesmo estando sob seu comando. Tal abordagem vem, sem dúvida, lançar uma nova luz sobre a clínica das neuroses.
A escrita da fantasia $<> a mostra bem isso, desde, é claro, que se esteja atento ao modo pelo qual ela pode ser abordada pelo lado do a. Um dos grandes problemas que encontra o neurótico é que, ao invés de tentar resolver suas questões pela via de $<> a, ele passa seu tempo tentando fazer isso pela via, em impasse, de i(a).
É, aliás, interessante constatar como em escala planetária é, cada vez mais, a via dessa imagem especular que é promovida.”
Marcel Czermak
Intervenções
pela ALI
Marcel Czermak, Angela Jesuíno Ferretto, Bernard Vandermersch, Christiane Lacôte, Jean-Jacques Tyszler, Jean-Louis Chassaing, Louis Sciara, Roland Chemama, Stéphane Thibierge
pelo Tempo Freudiano
Ana Cristina Manfroni, Antonio Carlos Rocha, Eduardo de C. Rocha, Fernanda Costa-Moura, Francisco Leonel Fernandes