Anorexia mental: mudança de lógica
Eu lhes proponho partir dessa primeira constatação: estamos, com a anorexia mental da jovem, diante de um quadro estabelecido há muito tempo, cujos elementos clínicos foram repertoriados de modo bastante preciso, e que, sob essa forma clássica, parece relativamente fixo. Se essa descrição nos deixa insatisfeitos, se ouso dizer, é que ela se limita a um registro fenomenológico e não propõe uma articulação lógica convincente dos diferentes signos enumerados. Podemos, com efeito, reconhecer alguns quadros clínicos sem poder isolar neles uma articulação estrutural enquanto tal. Sabemos que é um esforço de articulação desse tipo que conduz Freud quando ele especifica os grandes registros da paranóia em torno de fórmulas gramaticais derivadas dessa primeira fórmula: “eu (um homem), eu o amo (um homem)”. Stéphane Thibierge pôde propor, no que concerne à síndrome de Frégoli (“o outro é sempre o mesmo”) ou à síndrome de ilusão dos sósias