A psicanálise no Tempo
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Para entender as regras das partilhas, a primeira coisa que é necessário considerar é que o dinheiro que o jogadores colocaram em jogo já não lhes pertence, porque eles renunciaram à sua propriedade; mas em compensação receberam o direito de esperar o que a Fortuna lhes poderia dar, conforme as condições com as quais, de início, concordaram. Esta colocação muito simples que, transposta para o ambiente de uma escolha radical na vida, apresenta-nos uma face tão inesperada quanto incômoda, é o que Lacan quer nos fazer ver ao propor como referência no Seminário De um Outro ao outro o fragmento Infinito nada de Pascal.
Este breve texto comenta algumas considerações de Lacan no seminário “Problemas cruciais para a psicanálise”, a respeito do Nome Próprio como uma categoria mais especificamente psicanalítica. Limito-me aos comentários que Lacan tece sobre o esquecimento de Freud do nome do pintor Signorelli, que consta no primeiro capítulo de seu livro Psicopatologia da vida cotidiana; a lição do seminário de Lacan que tomo em consideração é a quarta, datada de 6 de janeiro de 1965.
O título soa pretensioso, mas os objetivos desse trabalho são bem modestos: trata-se de precisar certos termos da clínica lacaniana para abordar-se de uma forma mais precisa o que seria uma psicopatologia psicanalítica. Entre esses termos, o termo chave, aquele que consta no título, “traço” – fala-se tanto de traço, mas o que é um traço? – mas há outros termos e expressões bordões, como por exemplo, “clínica do caso a caso”, “singular”, etc. São termos e expressões que não tenho a impressão de estarem sendo bem empregados, eles acionam muito mais consensos que dificultam as discussões do que permitem estas desdobrarem-se.
Esse trabalho tem como população de estudo uma clientela muito específica: aquela da enfermaria de longa permanência e os albergados do hospital de Jurujuba. O que levou-me a desenvolver esse trabalho foi uma reflexão sobre o desejo; uma reflexão psicanalítica certamente, mas que se permite confrontar com o tema da relação do desejo e essa entidade vaga que é a sociedade, ou, como se diz atualmente, o social. Nessa enfermaria e nos albergues estão aqueles pacientes que não têm para onde ir. São aqueles sem família, amigos, vizinhos, casa, etc. Aqueles que ao quadro da psicose somam-se as mazelas da idade e/ou da demência.